Veja um pouco da nossa história.
O Dois de Julho representa a separação do Brasil de Portugal em
1823, as lutas travadas na Bahia para expulsar definitivamente, já que o Brasil
foi declarado como independente em 1822, as tropas portuguesas que ainda
persistiam fixando em algumas regiões.
Sendo o Brasil dominado por Portugal, apesar de muitas regiões
lutarem pela independência, o país não suportava mais o domínio da coroa e a
desigualdade entre as regiões. Enquanto Rio de Janeiro já havia avançado por
ser a sede da coroa outras regiões se sentiram desprivilegiadas e essa
discrepância deu lugar a revolta que se iniciou em Recife em 1817 e logo tomou força com
grupos conspiradores, trabalhadores liberais, comerciantes entre outros, mesmo
sendo advertidos a insatisfação popular continuou a ganhar força até que devido
a violência com que trataram os conspiradores a revolta de Recife acabou sendo
suprimida e seu conspiradores presos ou fuzilados. Porém o movimento não havia
morrido, na Bahia oficiais militares e parte da população passaram a formar um
grupo de resistência realizando manifestações como a que aconteceu em 3 de
novembro de 1821
Por imposição da coroa chegou de Portugal um decreto nomeando o Brigadeiro Ignácio Luiz Madeira de Mello, e este mesmo não sendo aceito pelos
oficiais brasileiros pôs os soldados portugueses de prontidão, nesse momento o
brigadeiro tomou posse através de represália desses soldados junto aos
quartéis, os fortes e até o convento da Lapa onde a Abadessa Sónor Joana
Angélica impediu sem sucesso a entrada das tropas sendo morta no mesmo
dia. Essa represália aproximou a Bahia de Portugal. E muitos
conspiradores foram se refugiar no Recôncavo.
Foi no recôncavo por meio do General Pedro Labatut que
intimidando Madeira de Mello, tentou fechar o cerco pela Ilha de Itaparica.
Porém Labatut ficou no comando até 1823 por ordenar prisões a oficiais
brasileiros, sendo cassado e preso. Para substituí-lo entrou o coronel
José Joaquim da Lima e Silva que logo ordenou uma ofensiva as tropas
portuguesas apertando o cerco na cidade do Salvador sob o domínio português que
restringia o abastecimento de alimento e materiais. O exército brasileiro
lutou vencendo a coroa em 1823.
O Recôncavo teve participação intensiva nesses combates, foi
daqui que a heroína Maria Quitéria travestida de homem com mais cinco mulheres
desconhecidas lutaram no exercito dos “periquitos”. O Batalhão dos Voluntários
do Príncipe pertencia ao avô de Castro Alves, Coronel José Antônio
da Silva Castro que na época morava na Rua Ignácio Tosta em São Félix, e
reuniu o exercito apelidado de Periquito pela cor verde no seu uniforme, na
frente de sua residência em São Félix.
Maria Quitéria, a maior heroína nas lutas pela independência do Brasil, na Bahia
que ao ficar sabendo das movimentações sobre as lutas da independência,
conseguiu uma farda do exército e se alistou para combater as tropas
portuguesas. Nascida no Arraial de São José das Itapororocas, Maria Quitéria
sempre foi independente, cuidando dos irmãos depois que sua mãe faleceu, ela
aprendeu logo cedo a caçar, montar e usar armas de fogo. As lutas havia se
iniciado e as notícias corriam, o Recôncavo era bombardeado e as notícias da
morte de Soror Joana Angélica talvez tenha influenciado a a decisão de Maria
Quitéria. Ela então pediu ao pai autorização para lutar o que foi prontamente
negado, mas a vontade era tanta que ela fugiu, vestiu-se de homem, cortou os
longos cabelos e alistou-se. Descoberta pelo seu pai ela foi defendida por José
Antônio da Silva com seu Exercito dos Periquitos, ali foi logo elogiada pela
sua disciplina e manejo com as armas e seu uniforme ganhou mais um item uma
espécie de saia por cima da calça. Participou na batalha em Ilha de Maré e no
combate da Pituba.
No posto de Cadete recebeu uma espada pelo Conselho Interino da
Província. Em agosto foi recebida pelo Imperador que condecorou com a Imperial
Ordem do Cruzeiro, nessa ocasião para poupar a ira do pai, pediu ao Imperador
que enviasse uma carta para que o velho Gonçalo a desculpasse por sua
desobediência.
O pai perdou-lhe e logo depois ela casou tendo uma filha de nome
Luísa Maria da Conceição.
Maria Quitéria, a heroína, depois de tantos feitos morreu aos 61
anos de idade no anonimato e seu túmulo até hoje é desconhecido.
Perdoada pelo pai, Maria Quitéria casou-se com o lavrador
Gabriel Pereira de Brito, o antigo namorado, com quem teve uma filha, Luísa
Maria da Conceição.
Joana Angélica nasceu em Salvador em 1761, filha de José Tavares
e sua esposa Catarina Maria da Silva. Entrou no convento aos 21 anos de idade.
Trabalhou como escrivã, mestra das noviças até chegar à abadessa.
Em 1822 a cidade estava em polvorosa e as revoltas pipocavam
contra a ocupação das tropas portuguesas
O convento da Lapa uma construção composta de uma clausura e
guarnecido de um forte portão, não foi suficiente para impedir a invasão.
Soldados portugueses dia antes comemorando a vantagem ante os nativos volveram
para esse convento. Prevendo a violação da casa de Deus e da castidade de
internas, Joana Angélica ordenou que as internas fugissem, e ela se colocou
como obstáculo para conter a invasão desses soldados.
O gesto da abadessa e sua coragem não afugentaram a tropa
portuguesa e ela foi assassinada a golpe de baioneta
Brigadeiro Ignácio Luiz Madeira de Mello
O Brigadeiro nasceu em Portugal em 1775. Assumindo as tropas em
1823 por imposição portuguesa. Tomou posse utilizando a força bruta e dominando
a cidade de Salvador. Fortaleceu a relação entre Portugal e Bahia. Lutou contra
o exército brasileiro. Iniciou-se assim um cerco a Salvador, onde estavam
concentrados os comerciantes e os militares portugueses. Sob o assédio, a
cidade ficou incomunicável, sem receber alimentos e munições. Nesse contexto,
Madeira de Melo solicitou auxílio a Portugal. Ele foi ferido na batalha de
Pirajá e dias depois sas tropas portuguesas foram vencidas.
General Pedro Labatut
Foi quem assumiu o exército brasileiro das mãos do coronel
Joaquim Pires de Carvalho e começou a enfrentar o exército português. Um homem
duro, Labatut conseguiu reestruturar as tropas e reerguer a vontade pela
liberdade do Brasil. Antes ele havia servido na Guerra Peninsular, na Guiana
Francesa entre outros. Ele foi contratado pelo Príncipe Regente D. Pedro no
posto de brigadeiro. Sua missão era enfrentar o general Madeira de Melo.
Pedro Labatut recebeu ainda em vida o título de Marechal de
Campo. Deixou o serviço ativo em1842 e faleceu em Salvador na antiga rua dos
Barris, via que teve o nome mudado para o de rua General Labatut.
O Folclore e as figuras do Caboclo e Cabocla
Estas figuras simbólicas foram criadas para homenagear os abnegados baianos, homens e mulheres anônimos que se juntaram aos batalhões e aos heróis de 1823 que, pela bravura e coragem, lutaram pela liberdade do Brasil. A história conta que o povo resolveu fazer sua própria comemoração e, em 1826, levou uma escultura de um índio, figura do nativo das terras brasileiras para representar o povo baiano, já que não poderia ser um homem branco, porque lembrava os portugueses, nem os negros que, na época, não eram valorizados. Vinte anos depois, a Cabocla foi incluída nas comemorações. Nas cidades de São Félix e Cachoeira eles além da representação da Independência fazem a união entre as duas cidades quando dia 24/06 o carro alegórico da Cabocla é levado para Cachoeira e no dia 27/06 é trazido junto com o Caboclo para São Félix. A Cabocla permanece exposta durante todo ano na Casa da Cultura Américo Simas sob os cuidados de Beatriz Conceição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário